O dia tão especial da escalada
Por Jucilene Braga Rodrigues
Especial Projeto de Inclusão social GPM!
O dia não amanheceu tão quente, afinal de contas também era muito cedo e o sol parecia estar com preguiça de nos brindar com a sua presença.
Mesmo com o bocejar e o soninho que insistia em nos convidar para ficar mais tempo na cama, nos arrumamos e lá fomos nós rumo a mais uma aventura e diversão.
Sempre tive a crença de que os meus braços não eram fortes o suficiente para uma escalada. Só de pensar e me imaginar agarrada a uma parede, pedra ou algo que valha, sentia uma fadiga terrível. Foi então que soube de uma ação que um grupo “maluco” de São Paulo iria reunir um grupo de pessoas cegas e com baixa visão para subir numa pedra no interior de São Paulo. Confesso que na hora que li o anúncio, não me imaginei lá, mas depois comecei a considerar a possiblidade. Afinal de contas, seria mais um desafio a ser enfrentado e quem sabe vencido! Como quase todo bom brasileiro, deixei para a última hora e adivinhem? Não tinha mais vaga. Tudo bem. Nem queria mesmo! (Risos)!
Costumo dizer que nada é por acaso e que nenhum encontro é casual. Certo dia conversando com a minha amiga Aline Borges, soube que ela iria fazer a escalada. Comentei o meu interesse, mas que infelizmente não teria mais como participar. Ela então se propôs em verificar com a sua xará Aline para ver se ainda tinha vaga, pois um casal havia desistido. Fiquei muito feliz ao saber que teríamos a chance de ir para a aventura. Eu disse iríamos? Sim, pois neste caso fomos meu marido e eu.
Ele já estava com a ideia da escalada mais em mente, pois vinha de várias leituras de livros e documentários.
Tudo certo e o dia finalmente chegou. Que dia!
Foi simplesmente maravilhoso! Superei os meus medos e venci a mais um desafio. No começo as benditas sapatilhas não me deixaram esquecer de que eu ainda tinha pés e principalmente dedos.
Nossa! Como doíam! Não consegui me concentrar, mas logo ao terminar a primeira etapa, tive a sorte de trocar de sapatilha e lá fomos nós para a última etapa. Neste caso nós, porque estava com a minha maravilhosa anja Giórgia que não interferiu em nenhum momento em minha atividade, mas apenas sugeriu nas ocasiões oportunas. A esta altura e literalmente que altura, eu não lembrava mais dos pés, mas sim as pedras que estavam a minha frente me mostrando cada vez mais receptiva as minhas subidas. Foi sensacional. Indescritível a sensação que pude experimentar. Ao chegar no topo, tudo o que eu queria fazer era sentar-me, sentir o vento mais forte, respirar o ar limpo e puro e me lembrar que não foi fácil, mas também não foi impossível, tanto que eu estava ali para sentir tudo aquilo.
É verdade que não pude presenciar a vista que dizem ser maravilhosa, mas também eu senti tantas coisas boas que ninguém pôde ser capaz de enxergar. Só por isso, estamos empatados, (risos).
Descemos no rapel que também foi muito bom. Em alguns momentos me desequilibrei, mas logo me recompus e num espaço de tempo bem menor, já estávamos em terra firme. Pessoas queridas, não tenho palavras para agradecer a cada gesto de carinho e por toda a preparação. O evento foi no dia 28 de setembro, mas imagino que tudo iniciou muito antes da realização. A todos vocês o meu sincero agradecimento e reconhecimento por toda esta dedicação. Vocês poderiam estar em suas casas, ou até mesmo fazendo as suas próprias escaladas sem ter que ajudar ninguém. Porém, vocês escolheram estar com a gente. Escolheram nos apresentar a um universo paralelo e prazeroso. Saibam que se nós fizemos a diferença em suas vidas, certamente vocês também fizeram nas nossas.
Gratidão e que venham muito mais montanhas pela frente para subirmos e vencermos!
Crédito de Imagens: Tiago Amaral