5 Livros de Aventura com Grandes Lições que Você Precisa Ler
Tão importante quanto viajar e se aventurar por aí para ter novos aprendizados é viajar na imaginação. Os livros são incríveis aliados no nosso processo de descobertas e busca por novas experiências. Eles não apenas informam, como, principalmente, nos inspiram.
Se já “voamos longe” quando lemos um romance fictício, imagine o que acontece com nossa mente e espírito quando conhecemos uma grande história real!
Ao conhecer histórias de outras pessoas – muitas vezes gente como a gente – vemos que certas ideias tidas como loucas são, na verdade, totalmente factíveis. Já pensou se der certo? Para essas pessoas – que acreditaram e não desistiram de seus sonhos – deu. Ou pelo menos em certa medida. O importante é que em todas elas há importantes aprendizados.
O Grupo Paulista de Montanhismo (GPM) selecionou 5 livros de aventura com grandes lições para te fazer viajar sem sair de casa!
1. Na Natureza Selvagem – Jon Krakauer
Jon Krakauer, jornalista, escritor e alpinista americano, destrincha a famosa história de Christopher McCandless (auto-apelidado Alexander Supertramp), jovem de 20 e poucos anos que no início dos anos 1990 abandonou tudo após se formar na universidade em busca de uma vida livre.
McCandless deixou sua família (bem de vida, diga-se de passagem), doou suas economias, abandonou seu carro e queimou o pouco dinheiro que lhe restava. Passou mais de um ano percorrendo estradas de carona pelos Estados Unidos e vivendo de trocados aqui e ali, até que decidiu rumar ao Alasca. Ele queria estar em contato intenso com a natureza em sua forma mais selvagem. A boa notícia é que ele conseguiu, ele chegou lá. A má notícia é que ele não estava preparado para isso (o fim desta história é bem conhecido por todos).
O interessante da obra de Krakauer são não apenas as extensivas pesquisas que ele fez sobre a vida de McCandless, mas também as histórias semelhantes que ele descobriu de outros jovens que, não conformados com a vida formatada em sociedade, também se lançaram em aventuras pouco convencionais. Supertramp não estava sozinho nesta busca.
Histórias de pessoas que vão contra a corrente são sempre inspiradoras. Esta, em particular, nos ensina que não precisamos de bens materiais para ser felizes; não precisamos, necessariamente, de uma carreira e de um “bom emprego”. Uma vida alternativa pode ser o caminho, por que não? Ela nos ensina a seguir nosso instinto, a nos aventurarmos, a buscarmos maior contato com a natureza; mas, acima de tudo, que temos de fazer isso com responsabilidade. Que segurança importa sim! Tivesse sido mais cauteloso/responsável, poderíamos ter conhecido esta história (e quiçá tantas outras) da boca do próprio Alexander Supertramp.
2. Pelas Trilhas de Compostela – O Relato de uma Viagem Laica – Jean-Christophe Rufin
Jean-Christophe, médico, escritor e importante diplomata francês, relata sua peregrinação pelo Caminho de Santiago. Ele acabou por eleger, sem nenhum planejamento prévio, o Caminho do Norte, menos movimentado que o tradicional Caminho Francês e, dizem, com paisagens de tirar o fôlego.
O motivo que leva cada um a fazer esta antiga rota de peregrinação é totalmente pessoal e bastante variável. Não necessariamente a caminhada é de cunho religioso – aliás, muitas não são. O que era o caso do autor, que se mostrava um pouco cético no início. Porém, independentemente da crença de cada um, caminhar 800 km certamente nos faz pensar um bocado! É introspecção pura! Além do baita desafio físico que é por si só.
É interessantíssimo acompanhar Jean-Christophe em suas autodescobertas e transformações. Faz-nos querer partir amanhã mesmo para o Caminho! Ele (o livro, o Caminho) te ensina sobre a importância de estabelecer contato consigo mesmo e de ficar em silêncio; te ensina, com uma prática e ótima analogia, que você é o responsável por carregar o seu fardo nas costas (sua mochila, sua “casa”); te ensina a viver com pouco e apreciar as coisas simples.
3. Não Conta Lá em Casa – Uma Viagem pelos Destinos mais Polêmicos do Mundo – André Fran
Quatro amigos de infância e um projeto tão original quanto maluco: visitar alguns dos locais mais “complicados” do mundo, seja por questões políticas, socioeconômicas ou ambientais. Em sua maioria, destinos nada cobiçados pelo turista comum, e normalmente esquecidos ou estereotipados pela mídia.
A proposta? Conhecer essas culturas e estabelecer um contato mais profundo com elas a fim de compreendê-las. A tentativa é de fazer alguma diferença para elas, nem que seja meramente por mostrar ao mundo um pouco de como é a vida desses povos, suas dificuldades e suas belezas. E eles o fazem com maestria, com a devida imparcialidade que este tipo de relato exige. Vão de coração aberto (e uma boa dose de coragem na cara) ao Iraque em guerra, à impenetrável Coreia do Norte, ao Afeganistão dos talibãs, a Myanmar durante o período de ditadura, à Somália, à Etiópia, ao Japão logo após o tsunami, dentre outros destinos polêmicos.
O livro relata as viagens dos amigos, mas não é um mero livro de turismo. Longe disso. É muito mais um livro de sociologia, história, cultura. Ainda que na condição de leitores, parece que estamos visitando os lugares junto com eles; abre-nos tanto a cabeça como se estivéssemos estado lá de fato.
Acreditamos que aí resida a grande lição deste projeto: não se conformar com o comum, o ordinário, com o que os outros dizem ou pensam sobre determinado assunto. É preciso “ir lá” e ver por si próprio. É preciso se abrir ao novo, permitir-se conhecer de verdade uma outra cultura, de modo que sejamos capazes de ver além do óbvio, do conhecido – além do estereótipo. E quando a gente conhece, a gente se importa, a gente cuida. Os preconceitos e as ideias limitadas caem por terra. A gente percebe que, no fundo, somos todos um.
4. Sete Cumes – Manoel Morgado
A paixão pelas montanhas foi o que levou Manoel Morgado a ser o segundo brasileiro a conquistar os sete cumes, isto é, o ponto mais alto de cada um dos sete continentes. Não a ambição, nem a ânsia pela fama e prestígio. Não foi premeditado. Aconteceu naturalmente, enquanto ele fazia o que amava.
O livro relata suas aventuras nessa conquista, mas não é meramente sobre trekking e montanhismo; ele é muito mais do que isso. Ele fala sobre sonhos e paixões. De caráter humilde e singelo, Morgado abandonou um diploma de medicina obtido em uma das melhores universidades do Brasil e uma “promissora carreira” como médico pediatra, para se dedicar àquilo que realmente o movia: a aventura. Ele não apenas fez algo grandioso, mas conquistou para si um estilo de vida único, sem moradia fixa, viajando e trabalhando como guia de montanha por mais de 20 anos.
Loucura? Loucura, para nós, é não perseguir os seus sonhos. É não fazer aquilo que seu coração manda, aquilo com o que você sonha todos os dias. Acreditamos ser esta a principal lição deste livro. Acreditar nos seus sonhos – por mais malucos que eles possam parecer à primeira vista, ou aos olhos da sociedade – e se entregar a eles pode significar a diferença entre ter uma vida comum ou uma vida grandiosa. Uma vida plena, de felicidade verdadeira.
Quem não quer isso? Todos, decerto. Mas poucos são os que têm coragem de seguir seu coração e dar este passo rumo ao desconhecido. A grande “mágica” é que, quando o fazemos – assim como Morgado fez – um mundo de possibilidades se abre, e tudo conspira a nosso favor.
5. Meu Everest – Realizando um Sonho no Teto do Mundo – Luciano Pires
Luciano era um homem comum e, como todo bom executivo, não era habituado a praticar esportes radicais ou em locais remotos. Até o dia em que resolveu fazer o trekking até o Campo Base do Monte Everest. Isso mesmo, até a base da montanha apenas. E por que a história de alguém que NÃO subiu a montanha mais alta do mundo poderia ser inspiradora? – você deve estar se perguntando.
Uma das principais lições deste livro é que a felicidade está na jornada, e não no objetivo final. A história vai muito além da viagem em si. Ele nos mostra que não é preciso ter uma meta grandiosa e ambiciosa (como chegar ao topo do mundo) para termos um profundo aprendizado e observarmos uma verdadeira transformação em nós.
Não estamos diminuindo a dificuldade do trekking ao Campo Base, não nos levem a mal. Ele é sim desafiador, principalmente a uma pessoa não tão acostumada à caminhada em altitude. Mas a questão é que o foco real é no caminho percorrido, e não no feito em si.
Tudo que se encontra fora da nossa zona de conforto vira um desafio. Um a um, Luciano vai relatando, de forma descontraída e bem-humorada, como foi superar cada obstáculo da sua aventura. O livro pode ser lido como um diário de bordo, um guia turístico ou até mesmo um livro de autoajuda – a escolha fica a cargo do leitor. De qualquer modo, lições é o que não faltam nesta aventura!
Pronto para escolher seu livro?
Resumindo, estas são todas histórias de “loucos” – aos olhos da sociedade. Para nós, loucos são aqueles que estão dispostos a ter uma vida mediana, ordinária, meio interessante.
Vemos que pessoas comuns podem se tornar verdadeiros heróis para nós, meramente por terem tido a coragem de sair de sua zona de conforto e enfrentar seus medos, fazendo algo fora da caixa. Em quem você prefere se espelhar, se neles ou no cidadão “normal”, fica a seu critério.
E então, o que está esperando? Desliga a televisão e vá ler um livro! (e depois, é claro, aventure-se!)