Mulheres na Montanha: O Empoderamento Feminino
Nem toda mulher gosta de passear no shopping. Nem toda mulher quer gastar dinheiro em sapatos e faz questão de ter a roupa da última moda. Nem toda mulher se incomoda de se sujar de lama e de não poder usar chapinha e maquiagem. Puro estereótipo – para não dizer preconceito e sexismo – é claro.
Há anos as mulheres vêm conquistando seu espaço nos mais diversos setores e atividades. Como não poderia deixar de ser, isso inclui o montanhismo – seja com hiking, trekking ou escalada. É cada vez mais notável a presença feminina nos esportes de aventura, e elas vieram para ficar!
Não apenas as meninas têm se mostrado legítimas aventureiras, mas elas têm evidenciado sua verdadeira força ao se lançar nessas atividades por conta própria, sem necessariamente haver um homem presente no grupo. Lembrando que não existe a ideia de mulheres se aventurando “sozinhas”, ok? Elas estão acompanhadas umas das outras, portanto não estão sozinhas. Um grupo de mulheres é um grupo completo. Certo? Isso é incrível, e deve continuar sendo praticado até o dia em que ninguém mais olhar com olhos de espanto.
Pensando especialmente no universo feminino, o GPM carinhosamente separou algumas dicas para a mulherada se jogar no mundo outdoor com segurança e praticidade.
Segurança Sempre em Primeiro Lugar
Obviamente, devemos nos atentar à segurança independentemente de nosso gênero, e independentemente do tipo de aventura: se uma trilha/escalada bate-volta com fácil acesso, em algum local próximo ou dentro de algum parque (como, por exemplo, o Parque Nacional do Itatiaia), ou se um trekking de vários dias em um local remoto, sem possibilidade de contato e difícil de ser acessado em caso de emergências. Os cuidados valem para todas as situações, e devem ser redobrados em locais remotos.
Conheça bem a região e tenha a logística acertada: é importantíssimo saber bem para onde está indo, nem que seja por ter pesquisado extensivamente na internet ou ter pego dicas com quem conhece o local. Idealmente, tenha alguém que conhece a região no grupo. É preciso saber como são os entornos (a cidade próxima é segura?), os acessos à trilha, onde deixar o carro, ter o resgate já acertado (se aplicável), enfim, tudo do início ao fim do passeio.
Condução na trilha: é preciso saber de antemão se a trilha é bem demarcada/sinalizada ou se há necessidade de contratação de um(a) guia local. Em geral, em travessias mais longas, o caminho não é totalmente demarcado, então na impossibilidade de ter um(a) guia, é fundamental ter alguém que entenda de navegação – tanto usando um GPS como uma bússola e uma carta topográfica (a tecnologia às vezes falha, é preciso saber fazer o processo manual também).
Equipamentos adequados e bem utilizados: além de ter um kit de primeiros socorros (todas devem tê-lo!) e saber usar um GPS, principalmente no caso de a aventura envolver escalada, é imprescindível ter alguém no grupo que saiba manusear corretamente os equipamentos e fazer a segurança. Neste caso, é interessante chamar aquela amiga super experiente no assunto ou contratar um(a) guia profissional. Ou então, faça você mesma o curso de escalada e seja esta pessoa, por que não?
Cuide do seu corpo: usar calçados confortáveis (de preferência botas que protejam os tornozelos), mochila bem ajustada ao corpo e com peso adequado também fazem parte da segurança, uma vez que evitam dores e lesões – que podem se tornar um problema, caso ocorram em locais muito isolados.
Esteja sempre alerta: caminhe com cuidado (de preferência em silêncio, economize nas selfies), prestando atenção ao ambiente e seus sinais de perigo: há buracos, terrenos escorregadios ou pedras soltas? Há chance de uma tempestade com relâmpagos se aproximar? Há zumbido de abelhas por perto? Quando estamos na natureza, estamos vulneráveis. A dificuldade de se retornar rapidamente a algum local abrigado, com sinal de celular, acesso a transporte, hospital ou qualquer outra comodidade da civilização, em geral, não é pequena. Portanto, esteja sempre alerta!
Mantenham-se juntas e se ajudem: nem pensar em deixar a amiga para trás, disparar na frente ou pegar um outro caminho sem avisar ninguém, hein? O grupo deve permanecer junto; sempre confiram se todas chegaram ao ponto de parada, se todas estão bem de fôlego/pernas, se todas têm água e alimentos suficientes, etc. Todas zelam por todas.
Estude, aprenda, aperfeiçoe-se: por fim, a grande questão é que você é a responsável pela sua segurança. Por mais que a aventura seja conduzida por um(a) guia profissional, você deve ter, no mínimo, noções das melhores práticas (e se alguma coisa acontece com a guia? Já parou para pensar nisso?). Mas o ideal mesmo é que todas no grupo façam um Curso Básico de Montanhismo, onde vocês aprendem sobre navegação, uso de equipamentos, primeiros socorros, dentre tantas outras coisas importantíssimas para realizar uma aventura em segurança.
Dicas Práticas para Mulheres
A principal dica que temos é: deixe sua mochila leve. Isso vai fazer toda a diferença na qualidade da sua aventura. Lembre-se: é você que vai carregar o seu peso. Então poupe-se. Seus joelhos agradecem!
Tipo de roupa: não leve roupas de tecidos pesados, como jeans – sabe aquele shortinho lindinho para usar depois do banho de cachoeira? Deixa em casa. Ele vai pesar, ocupar espaço e depois você vai se arrepender. Tampouco escolha camisetas de algodão. Opte por roupas de materiais sintéticos, que, além de serem mais compressíveis, secam rápido. O mesmo vale para toalha (se aplicável): opte por aquelas fininhas de microfibra.
Quantidade de roupa: não precisa levar muitas trocas de roupa, como um conjunto de calça e camiseta/short para cada dia – isso é muita coisa. Vai repetir roupa sim! Se for uma aventura curta, de 1 ou 2 dias, um conjunto apenas está mais do que bom; se for uma aventura mais longa, você pode pensar em uma camiseta para cada 2-3 dias, e uma calça/short para cada 3-4 dias – ou levar ainda menos do que isso e ter um sabão de côco esperto para lavar as roupas usadas no caminho, e ir alternando entre as peças.
Diminuir, reduzir, compactar: reduza ao máximo o volume das coisas da sua mochila – por exemplo, utilizando sacos de compressão para as roupas. Se for levar coisas de banho (nem sempre é possível tomar banho, dependendo da trilha), utilize aqueles potes pequenos (vendidos em farmácia ou em lojas de aventura) e de preferência de produtos biodegradáveis, para não agredir o meio ambiente, ok? A mesma lógica do pote pequeno vale para outros itens indispensáveis, como desodorante, pasta de dente, solução da lente de contato, etc. Nada de embalagens gigantes na mochila!
Itens femininos desnecessários: não vá querer levar um kit de maquiagem, hein? Acredite, tem meninas que cogitam levar essas coisas “só para dar um tapinha”. Amiga, você estará no meio do mato! Ninguém vai reparar ou se importar com a sua cara. Trilhar é um exercício também de desapego!
Higiene e saúde femininas: como nem sempre é possível tomar um banho adequadamente, é uma boa ideia ter um kit com protetor diário, um lenço umedecido e, “naqueles dias”, absorventes e uma calcinha extra. As mulheres sabem da importância do cuidado íntimo, e não é porque estarão no meio do mato, que precisam descuidar de seu conforto e saúde, certo?
Invista em equipamentos leves: a questão do peso se torna especialmente importante quando a aventura em vista envolve vários dias em acampamento selvagem, pois você já terá que carregar muito peso necessário (de verdade), como barraca, saco de dormir, isolante térmico, comida, fogareiro, utensílios de cozinha etc. Se for possível, invista em equipamentos bons, que são mais leves e menores – e, claro, mais caros também. Se estes não couberem no seu orçamento, é mais um motivo para economizar nas roupas e itens supérfluos.
Referência e Inspiração
E então, pronta para começar a se aventurar na natureza? Se quiser bater um papo mais “de mulher para mulher”, recomendamos dois projetos feitos por mulheres aventureiras, que podem te servir como referência e inspiração.
Mochila de Batom
O Mochila de Batom é um projeto idealizado pela Laila Galetti, dona da agência Mantra Adventure. Como o próprio nome sugere, é exclusivo para mulheres. Elas fazem travessias em locais variados na região Sudeste, do litoral fluminense às montanhas da Serra da Mantiqueira. A Laila cultiva bastante essa ideia da mulher se aventurar “sozinha”, e tenta quebrar este paradigma com seu lema: “Lugar de mulher é onde ela quiser”.
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Mochilando Com Elas
O Mochilando Com Elas é um projeto independente entre amigas aventureiras. Elas são de Vitória (ES), mas estão sempre por aí, fazendo uma trilha, travessia ou escalada. Elas não fazem aventuras apenas entre meninas exclusivamente, mas fazem várias – como fizeram a clássica travessia da Serra Fina, que foi parar na mídia em 2016. Certamente, são uma boa referência do poder feminino no mundo outdoor.
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E, é claro, não deixe de contar conosco, do GPM, para quaisquer dúvidas e orientações. Bora pra montanha, mulherada!